'Horizonte Amazônia': expedição revela floresta de árvores gigantes no extremo norte do Pará
Árvores Gigantes da Amazônia
Cientistas e extrativistas enfrentaram dias de viagem pelo rio Jari e pela mata fechada para chegar até o santuário natural na Floresta Estadual do Paru, em Almeirim. O local abriga o maior angelim-vermelho da América Latina, com quase 90 metros de altura.
Uma expedição científica ao extremo norte do Pará revelou uma das descobertas mais impressionantes da Amazônia nos últimos anos: um santuário de árvores gigantes escondido na Floresta Estadual do Paru, em Almeirim. A área, situada entre os estados do Pará e do Amapá, abriga o maior angelim-vermelho da América Latina e o quarto maior do mundo, com 88,5 metros de altura — mais que o dobro do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
A jornada começou na comunidade de Iratapuru, no Amapá, de onde pesquisadores e extrativistas partiram de barco pelo rio Jari. A expedição foi liderada por equipes do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e instituições de ensino como o IFAP.
“Não dá pra fazer pesquisa sem as pessoas da comunidade. São elas que conhecem os caminhos da floresta, os melhores pontos de pesca e os segredos da mata”, destacou a bióloga Camila, do Ideflor-Bio.
Viagem desafiadora pela floresta e pelo rio
Durante a travessia, o grupo enfrentou fortes correntezas, precisando em alguns trechos abandonar os barcos e seguir a pé por dentro da mata fechada. O objetivo: alcançar a área onde está o angelim-vermelho gigante e mapear outras árvores monumentais da região.
As condições da viagem colocaram à prova a resistência da equipe. Os pesquisadores dormiam em acampamentos improvisados às margens do rio, tomavam banho de chuva e de rio e conviviam com os mosquitos e o isolamento.
“Cada espécie tem o seu valor na natureza”, explicou a pesquisadora Dayse Ferreira, do Inpa, enquanto instalava armadilhas para capturar mosquitos e entender melhor a dinâmica ecológica da floresta.
Entre a ciência e a tradição
Além da pesquisa, a expedição também fortaleceu a parceria com os extrativistas da região, responsáveis pela coleta de castanha e açaí. Parte da alimentação da equipe vinha dessas frutas e da pesca local.
“Eu não quero largar essa vida. Lá fora é mais difícil, na cidade tudo tem que ser comprado. Aqui é uma maravilha”, contou o extrativista Lucas Farias, um dos guias da viagem.
À noite, o céu amazônico presenteava o grupo com o espetáculo das revoadas e o luar refletido nas águas do Jari. Em momentos assim, até o trabalho científico ganhava um toque de poesia — o improviso da cozinha de acampamento, o som dos insetos, o brilho da lua iluminando o acampamento.
Riscos e recompensas
Quando as corredeiras ficaram mais intensas, os barqueiros alertaram: seguir viagem seria arriscado. Parte do grupo precisou recuar. “Fazer pesquisa na Amazônia exige coragem. É uma jornada difícil, cheia de restrições. Mas a floresta ensina muito também”, relatou a repórter Jalília, que acompanhou a equipe.
Para o gerente administrativo do programa Calha Norte, Ronaldson Farias, a convivência entre pesquisadores e comunidades tradicionais é uma das maiores lições da expedição. “Essa troca nos ensina respeito à natureza e às diferenças”, afirmou.
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VÍDEOS: veja todas as notícias do ParáFONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2025/10/25/expedicao-revela-floresta-de-arvores-gigantes-no-extremo-norte-do-para.ghtml