'Horizonte Amazônia': manguezais concentram projetos de recuperação e saberes que mantêm viva a floresta

  • 18/10/2025
(Foto: Reprodução)
Horizonte Amazônia: especial mostra importância dos manguezais para o clima A Amazônia abriga uma das maiores faixas contínuas de manguezais do mundo, e parte desta riqueza está em Bragança, no nordeste do Pará. É nesse ambiente que o pescador Gessé Martins trabalha todos os dias, colhendo caranguejos e respeitando os ciclos naturais da espécie: “As fêmeas a gente devolve, pra garantir que continue tendo caranguejinho pra trabalhar”, explica. É do manguezal que ele tira o sustento da família e criou os filhos. Em uma floresta de raízes entrelaçadas, peixes, aves e mamíferos se reproduzem. Além de garantir alimentos e renda, os mangues protegem comunidades vulneráveis às mudanças do clima e são barreiras naturais contra enchentes e a erosão. No campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Bragança, o Laboratório de Ecologia do Manguezal estuda o equilíbrio do ecossistema dos manguezais. O grupo integra o projeto Mangues da Amazônia, que mede a emissão de gases do efeito estufa no solo e avalia a “saúde” do mangue. A pesquisadora Mayara Vieira explica o processo: “Usamos um analisador de gás por infravermelho que registra toda a emissão de CO₂”. O pesquisador Hudson Silva complementa: “Esses dados ajudam a estimar quanto carbono está sendo liberado na área. O manguezal preservado é um sumidouro quatro a cinco vezes mais eficiente que uma floresta de terra firme”. O coordenador Marcus Fernandes reforça a importância de planejar intervenções costeiras. Ele lembra que parte do ecossistema foi devastada nos anos 1970, com a construção da rodovia PA-458. “Não que a gente não deva construir, mas é preciso pensar no ambiente para evitar impactos severos”, afirma. Acompanhe as principais notícias da COP 30 Recuperar o que foi perdido Pesquisadores e moradores trabalham para regenerar as áreas degradadas. O replantio de mudas, principalmente da espécie tinteiro, tem ajudado a restaurar o solo e atrair novamente a fauna local. “Nosso caso de sucesso é quando os caranguejinhos voltam. Isso mostra que o ambiente está se recuperando”, conta John Gomes, um dos integrantes do projeto Mangues da Amazônia. Entre os beneficiados está o pescador Domingos, que utiliza madeira do mangue, com autorização do ICMBio, para construir currais de pesca. “Cada dia é diferente no mar, mas é isso que faz a vida boa”, afirma. Tradição e arte moldadas pela natureza Além da ciência e da pesca, o mangue também inspira arte. Em uma das comunidades mais antigas de Bragança, a artesã Lene transforma argila em panelas de barro, tradição passada por gerações. “Aprendi vendo minha mãe produzir. O contato com a argila vem dos nossos antepassados caetés”, conta. Ao lado da mãe, dona Nazaré, ela mantém viva a técnica ancestral e o respeito pela floresta. “Se respeitar o mangue, todo tempo tem trabalho. Se não respeitar, perde”, ensina. Enquanto o mundo se prepara para a COP 30, em 2025, exemplos como o de Bragança mostram caminhos possíveis. Nas mãos de cientistas, pescadores e mulheres que transformam o mangue em arte, a floresta segue respirando. E ensinando. Série especial 'Horizonte Aazônia' estreia no sábado, 18, na TV Liberal Arquivo Pessoal VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2025/10/18/horizonte-amazonia-manguezais-concentram-projetos-de-recuperacao-e-saberes-que-mantem-viva-a-floresta.ghtml


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